A Caatinga é um bioma caracterizado por sua vegetação adaptada às condições semiáridas, mas poucos estudos têm se dedicado a quantificar os estoques aéreos de biomassa e carbono nesse ecossistema. Essas informações são fundamentais para compreender o papel da Caatinga na mitigação das mudanças climáticas. Este estudo teve como objetivo avaliar os estoques de biomassa e carbono em um remanescente de Caatinga no município de Poço Verde, Sergipe, Brasil, considerando um intervalo de quatro anos (2011-2015). Além disso, foram analisadas as relações desses estoques com parâmetros fitossociológicos, como abundância e riqueza de espécies.
A biomassa aérea foi estimada utilizando equações alométricas específicas, enquanto o carbono foi calculado como 47% da biomassa total, seguindo metodologia amplamente aceita. Para verificar alterações nos estoques e possíveis influências climáticas, os dados foram submetidos a um teste t pareado, comparando os períodos estudados. Dados climáticos foram avaliados por meio do teste de Friedman e comparados aos valores históricos. A relação entre biomassa e parâmetros fitossociológicos, como abundância e riqueza, foi investigada por meio de regressões lineares.
Os resultados indicaram um equilíbrio temporal nos estoques aéreos de biomassa e carbono durante o período analisado. Esse equilíbrio pode ser atribuído a condições climáticas desfavoráveis, como longos períodos de seca, e ao grau de antropização do fragmento, fatores que possivelmente limitaram o crescimento da vegetação e, consequentemente, o aumento desses estoques. Os estoques médios observados foram de 52,8 Mg ha⁻¹ para biomassa e 24,8 Mg ha⁻¹ para carbono, valores que se encontram dentro da amplitude esperada para o bioma Caatinga, considerando características locais e regionais.
Adicionalmente, a biomassa não apresentou correlação significativa com a abundância e/ou a riqueza de espécies, indicando que esses parâmetros fitossociológicos, por si só, não explicam as variações nos estoques de biomassa e carbono. Este achado reforça a complexidade das interações ecológicas no bioma Caatinga e destaca a influência predominante de fatores abióticos, como clima e solo, e antrópicos, como o manejo da terra e o uso dos recursos florestais.
Os resultados do estudo apontam que a conservação de fragmentos remanescentes de Caatinga, como o analisado, pode desempenhar um papel relevante no armazenamento local de carbono. Embora os valores absolutos de estoque sejam modestos em comparação a outros biomas, a manutenção desses remanescentes contribui para a mitigação das mudanças climáticas em nível regional e global. Além disso, a proteção desses fragmentos garante a preservação da biodiversidade local, promovendo serviços ecossistêmicos essenciais.
Conclui-se que o equilíbrio observado nos estoques aéreos de biomassa e carbono na área estudada reflete a resiliência da vegetação da Caatinga diante de adversidades climáticas e pressões antrópicas. No entanto, ressalta-se a importância de políticas públicas e ações de manejo sustentável voltadas para a conservação e recuperação de áreas degradadas no bioma. Estudos adicionais são necessários para aprofundar o entendimento sobre a dinâmica de carbono e biomassa na Caatinga, especialmente em escalas temporais mais amplas, fornecendo subsídios para estratégias de conservação e mitigação das mudanças climáticas.
Eduardo Vinicius da Silva Oliveira
Erivania Virtuoso Rodrigues Ferreira
DOI: https://doi.org/10.4336/2024.pfb.44e202102214
Palavras-chave: Variações temporais, Fitomassa, Gestão florestal
Estoques aéreos de biomassa e carbono em remanescente de Caatinga no Estado de Sergipe, Brasil
