A silvicultura do eucalipto no estado de Goiás: um registro histórico via sensoriamento remoto

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A demanda global por alimentos e energia tem impulsionado a expansão das áreas agrícolas e florestais, especialmente em regiões estratégicas como o estado de Goiás. Entre 2002 e 2015, o uso de técnicas de sensoriamento remoto possibilitou mapear a evolução das áreas de silvicultura, revelando um aumento expressivo na área de florestas plantadas. Em 2002, estimava-se 50.425 hectares, enquanto em 2015 essa área alcançou 162.516 hectares, com maior concentração nas mesorregiões Sul, Leste e Norte.

Essa expansão está intimamente ligada ao cultivo de espécies como o eucalipto, amplamente utilizado para atender às demandas da construção civil e da indústria de biomassa. A produção, majoritariamente conduzida por pequenos produtores rurais, caracteriza-se pela fragmentação espacial e pela ausência de grandes operações verticalizadas. A utilização de imagens do satélite Landsat-8, processadas por softwares como ArcGIS e ENVI, foi essencial para identificar essas áreas, empregando técnicas de classificação digital supervisionada pelo método de máxima verossimilhança (Maxver).

Além de evidenciar o crescimento das áreas plantadas, o estudo aponta desafios e oportunidades no setor. A localização das plantações em solos aptos e com vulnerabilidade ambiental controlada sugere um potencial de expansão sustentável, especialmente se integrada com práticas de conservação ambiental no bioma Cerrado. No entanto, a baixa verticalização da produção limita o valor agregado e o impacto econômico para os produtores locais.

O manejo adequado e o incentivo à formação de cadeias produtivas mais complexas são cruciais para maximizar os benefícios da silvicultura. Estudos futuros devem considerar a inclusão de projeções detalhadas para 2030, a fim de avaliar o impacto das mudanças climáticas e da expansão agrícola sobre os plantios comerciais. Adicionalmente, a integração de dados sobre carbono e biomassa pode enriquecer análises sobre o papel das florestas plantadas na mitigação de emissões de gases de efeito estufa.

Como recomendação, é essencial investir em tecnologias de sensoriamento remoto de alta resolução e modelagem dinâmica para monitorar continuamente as mudanças no uso do solo. Também seria valioso explorar o potencial de políticas públicas que incentivem práticas de manejo sustentável, promovam a verticalização da cadeia produtiva e garantam a preservação dos recursos naturais do Cerrado. Esse alinhamento estratégico pode posicionar Goiás como referência nacional em silvicultura sustentável.

Escleide Gomes Cabral

Sybelle Barreira

Manuel Eduardo Ferreira

Lázaro Gabriel de Oliveira Araújo

DOI: https://doi.org/10.4336/2019.pfb.39e201801649

Palavras-chave: Uso do solo, Cobertura florestal, Landsat

A silvicultura do eucalipto no estado de Goiás um registro histórico via sensoriamento remoto

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