Este estudo teve como objetivo avaliar o banco de sementes do solo em áreas submetidas a um processo de restauração há 20 anos, investigando sua composição, diversidade e características funcionais. A pesquisa foi conduzida em três áreas localizadas à jusante da barragem da Usina Hidrelétrica de Camargos, em Itutinga, Minas Gerais: um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual utilizado como referência (RE), uma área degradada (DE) e outra área classificada como perturbada (PE).
As avaliações foram realizadas em três épocas do ano. Em cada área e em cada avaliação, 25 amostras de solo foram coletadas, removendo-se inicialmente a serapilheira e, em seguida, o solo utilizando um gabarito de dimensões 25 x 25 x 5 cm. As amostras foram transferidas para condições controladas de germinação, permitindo a identificação e contagem das espécies presentes no banco de sementes.
Os resultados mostraram variação nos índices de diversidade de Jaccard entre as épocas analisadas, refletindo diferenças temporais na composição do banco de sementes. As áreas DE e PE apresentaram maior diversidade de espécies arbóreas em comparação à área RE, porém com menor densidade de indivíduos. Em todas as áreas, a maioria das espécies e indivíduos eram pioneiros, característica típica de bancos de sementes em ambientes em processo de regeneração. Na área RE, mais de 90% dos indivíduos registrados nas três avaliações pertenciam a espécies pioneiras, evidenciando a dominância desse grupo ecológico.
A síndrome de dispersão autocórica foi predominante nas três áreas e em todas as avaliações, indicando que as espécies com estratégias de dispersão por gravidade desempenham um papel central na formação do banco de sementes nessas condições. Esse padrão reflete as limitações impostas pela degradação ambiental e pelas características das espécies presentes no local.
Conclui-se que, após 20 anos de restauração, as áreas DE e PE ainda apresentam características iniciais de sucessão ecológica, com predominância de espécies pioneiras e baixa densidade de indivíduos, embora com diversidade relativamente elevada. A área RE, por sua vez, apresenta maior estabilidade ecológica, mas também é dominada por espécies pioneiras, o que pode refletir limitações na dinâmica de sucessão natural. Esses resultados reforçam a importância de monitorar o banco de sementes como ferramenta para avaliar o progresso da restauração ecológica e orientar estratégias de manejo adaptativo em projetos de recuperação de áreas degradadas.
Amanda Maria da Costa Oliveira
Michele Aparecida Pereira da Silva
Mariana de Oliveira Gonçalves Nogueira
DOI: https://doi.org/10.4336/2024.pfb.44e202002085
Palavras-chave: Sucessão ecológica, Área degradada, Indicador ecológico
Aspectos funcionais do banco de sementes como indicador de restauração florestal