O cultivo de paricá (Schizolobium amazonicum), uma espécie nativa da Amazônia, tem se destacado como alternativa sustentável para a produção de madeira e desenvolvimento econômico, especialmente na região norte do Brasil. Estudos recentes investigaram o potencial silvicultural e econômico dessa cultura em sistemas de plantio comercial, como o de Paragominas, no Pará. Este texto revisa os principais resultados e implicações do cultivo do paricá, enfatizando suas características de crescimento, eficiência de diferentes arranjos de plantio e análise de custos operacionais.
Potencial do Paricá na Região Amazônica
O paricá é uma espécie amplamente valorizada por seu crescimento rápido, madeira de boa qualidade e adaptabilidade a diferentes condições ambientais. Na região amazônica, onde o solo é frequentemente pobre em nutrientes, a espécie tem demonstrado resiliência, adaptando-se bem a práticas de manejo sustentável. Estudos apontam que sua madeira é utilizada principalmente para a produção de laminados, compensados e, em menor escala, como biomassa energética.
Em Paragominas, experimentos avaliaram a produtividade do paricá em diferentes idades (5, 6 e 7 anos), em três classes de produtividade e cinco arranjos de plantio. Os espaçamentos entre árvores, como 3 m x 2 m, desempenharam papel crítico na determinação do volume de madeira produzido por hectare. Este arranjo específico mostrou maior eficiência volumétrica em comparação com outros, indicando que a densidade de plantio pode otimizar o uso do solo sem comprometer o crescimento das árvores.
Análise de Custos de Produção
A análise econômica é fundamental para avaliar a viabilidade de culturas florestais como o paricá. O estudo em questão utilizou a metodologia de custo operacional para identificar os principais componentes de custo ao longo do ciclo de produção. O transporte da madeira, por exemplo, representou cerca de 30% dos custos totais, destacando a necessidade de melhorias logísticas para reduzir despesas e aumentar a rentabilidade do cultivo.
Além disso, a manutenção das árvores foi identificada como uma das atividades mais onerosas durante o plantio, representando 20% dos custos operacionais. Isso está relacionado ao longo período necessário para essas atividades, especialmente em arranjos de plantio mais densos. Curiosamente, os arranjos com espaçamentos menores apresentaram custos totais mais baixos, evidenciando uma relação direta entre densidade de plantio e eficiência econômica.
Implicações para o Manejo Sustentável
O cultivo de paricá em regiões amazônicas pode trazer benefícios tanto ambientais quanto socioeconômicos. Ambientalmente, a espécie contribui para a recuperação de áreas degradadas, melhora a qualidade do solo e atua como um sumidouro de carbono, ajudando na mitigação das mudanças climáticas. Socioeconomicamente, o paricá oferece oportunidades de renda para pequenos e médios produtores, além de fomentar a economia local com a geração de empregos e o fortalecimento de cadeias produtivas regionais.
No entanto, o sucesso dessa cultura depende de fatores como a implementação de políticas públicas que incentivem o manejo sustentável, a estruturação de mercados para a comercialização da madeira e o desenvolvimento de tecnologias para otimizar os custos de produção. A integração de conhecimentos técnicos e práticos, bem como o uso de dados de monitoramento, são essenciais para maximizar os benefícios do cultivo do paricá.
Considerações Finais
O paricá apresenta-se como uma alternativa promissora para a silvicultura sustentável na Amazônia. Seus atributos de rápido crescimento, alta produtividade e adaptabilidade tornam-no ideal para atender à crescente demanda por madeira no Brasil e no exterior. Além disso, a eficiência em diferentes arranjos de plantio e a análise detalhada de custos operacionais fornecem subsídios importantes para produtores e investidores interessados em adotar essa cultura.
Embora desafios como altos custos de transporte e manutenção ainda existam, eles podem ser mitigados com planejamento adequado, inovação tecnológica e políticas de incentivo. Assim, o cultivo do paricá tem o potencial de contribuir significativamente para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, equilibrando objetivos econômicos, sociais e ambientais.
Rafaela da Silveira
Gilson Fernandes da Silva
Daniel Henrique Breda Binoti
Leticia da Paschoa Manhães
Anny Francielly Ataide Gonçalves
Mariana de Aquino Aragão
DOI: https://doi.org/10.4336/2017.pfb.37.92.1508
Palavras-chave: Custos operacionais, Espaçamento, Schizolobium amazonicum
Custos da produção de madeira de paricá na região de Paragominas