Fragmentação florestal no semiárido no Nordeste do Brasil

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semiárido

A análise da estrutura da paisagem em áreas de vegetação nativa, como a Caatinga, é essencial para entender a dinâmica ecológica em ambientes altamente fragmentados e impactados pelo desmatamento. Estudos utilizando geotecnologias, como sensoriamento remoto e softwares específicos de análise, têm proporcionado informações detalhadas sobre padrões de uso do solo e fragmentação florestal.

No município de Ribeira do Pombal, BA, as métricas da paisagem foram avaliadas a partir de imagens do satélite Landsat-8 OLI e processadas no software Fragstats 4.2®, que possibilitou a análise quantitativa e qualitativa dos fragmentos florestais. Apesar do predomínio de uma matriz com uso intensivo para pastagens, destacam-se fragmentos de caatinga aberta e densa com bom grau de conectividade e proximidade. Essa conectividade é crítica para a manutenção da biodiversidade, permitindo a troca genética entre populações vegetais e animais. Fragmentos com mais de 100 hectares apresentam maior resiliência e capacidade de sustentar diversidade florística, o que é essencial para a manutenção das funções ecossistêmicas da região.

Em termos ecológicos, a Caatinga apresenta desafios específicos, como a sazonalidade hídrica e a rápida resposta espectral da vegetação caducifólia, que dificultam o mapeamento via sensoriamento remoto. Apesar disso, estudos recentes têm demonstrado a eficácia de abordagens multiespectrais, combinando índices de vegetação como NDVI e SAVI com métodos de classificação supervisionada, para identificar com maior precisão áreas de vegetação nativa e antropizadas.

A modelagem de paisagem frequentemente emprega o modelo “mancha-corredor-matriz”, onde as manchas representam fragmentos de vegetação nativa, os corredores conectam essas áreas, e a matriz é a área dominante de uso humano. No caso de Ribeira do Pombal, as áreas fragmentadas menores necessitam de intervenções de reflorestamento e enriquecimento, especialmente em zonas de caatinga aberta, que podem ser convertidas em corredores ecológicos funcionais, conectando manchas maiores e fortalecendo a integridade ecológica da paisagem.

A estrutura da paisagem em Ribeira do Pombal revela um equilíbrio delicado entre as pressões antrópicas e a conservação ambiental. O alto índice de fragmentos conectados é promissor, mas a ampliação de esforços em restauração ecológica será necessária para assegurar a sustentabilidade a longo prazo.

Baseando-se nas descobertas, recomenda-se que estudos futuros explorem a relação entre padrões de conectividade e serviços ecossistêmicos fornecidos pelos fragmentos florestais, especialmente em relação à polinização e controle de pragas agrícolas. Além disso, a aplicação de tecnologias avançadas, como drones e sensores hiperespectrais, pode melhorar ainda mais a precisão do mapeamento e monitoramento da Caatinga. Por fim, iniciativas integradas que aliem restauração ecológica e políticas de incentivo econômico para conservação devem ser priorizadas para mitigar os impactos do desmatamento e promover o uso sustentável do bioma.

Janisson Batista de Jesus

Dráuzio Correira Gama

José Monteiro do Nascimento Júnior

Márcia Rodrigues de Moura Fernandes

Milton Marques Fernandes

DOI: https://doi.org/10.4336/2019.pfb.39e201801683

Palavras-chave: Remanescentes florestais, Floresta tropical sazonalmente seca,

Fragmentação florestal em região semiárida no Nordeste do Brasil

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