Madeira de eucalipto jovem: uma nova alternativa para a construção civil

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Madeira de eucalipto jovem: uma nova alternativa para a construção civil

O Brasil, detentor do título de maior produtor mundial de eucalipto proveniente de florestas renováveis, ainda não explora todo o potencial desse recurso. A madeira, majoritariamente utilizada para produção de papel de celulose, bioenergia e painéis reconstituídos, pode ter um futuro promissor na construção civil.

Uma pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em parceria com a Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, abre portas para o uso de madeira de eucalipto jovem, de apenas sete anos, na fabricação de produtos engenheirados de classe estrutural, como vigas e colunas. Através de técnicas adequadas, os nós e o empenamento, pontos fracos da madeira jovem, são praticamente eliminados, agregando alto valor ao material.

Superando os desafios da madeira jovem

Bruno Balboni, autor da pesquisa, explica que a madeira de eucalipto jovem, apesar de ter potencial para ser mais resistente que a madeira de pinus (principalmente utilizada no Brasil para produtos estruturais), apresenta dois grandes desafios: nós, que enfraquecem a resistência, e empenamentos, que dificultam o uso.

Para superar esses desafios, a pesquisa propõe a técnica Madeira Laminada Colada (MLC). Nela, as lamelas de eucalipto (tábuas) são prensadas e coladas entre si com adesivos altamente resistentes, de forma que as fibras fiquem paralelas. O resultado é um bloco sólido de madeira, possibilitando a produção de peças estruturais com dimensões variadas e de acordo com as necessidades do mercado.

Eucalipto clonal: a chave para madeira de qualidade

A silvicultura clonal de eucaliptos no Brasil é uma das mais avançadas do mundo. Ao selecionar clones já desenvolvidos para a indústria da madeira, é possível obter madeira sustentável para diversos setores, como construção civil e movelaria.

Na pesquisa, seis variedades de eucalipto clonal foram avaliadas quanto à densidade e propriedades mecânicas. Os resultados mostraram grande diversidade entre os clones, com alguns mais densos e resistentes, e outros mais leves. Essa variedade é um ponto positivo, pois abre um leque de possibilidades de usos e aplicações.

Madeira Laminada Colada: neutralizando os pontos fracos

Para testar a efetividade da MLC na neutralização dos pontos fracos da madeira jovem, Balboni utilizou madeira proveniente de árvores plantadas por sementes, que apresentam alta variabilidade de defeitos.

O resultado foi animador: as vigas fabricadas com a técnica MLC apresentaram alta resistência e boa qualidade, com nós menores que outros tipos de madeira. A baixa adesão à colagem das tábuas, comum em madeiras com nós, foi minimizada pela otimização na disposição das lamelas, posicionando as mais resistentes nas camadas externas das vigas.

Um ponto interessante é que os empenamentos, geralmente vistos como um problema, se tornaram um benefício nas vigas MLC. Durante a prensa e colagem, os encurvamentos geraram tensões internas, aumentando a resistência das vigas. Isso permitiu o uso de madeira que seria considerada resíduo por causa dos altos índices de encurvamento, agregando valor ao material.

Benefícios

O uso da madeira de eucalipto jovem na construção civil trará diversos benefícios para o Brasil:

  • Fonte sustentável de madeira: Reduz a pressão sobre a floresta amazônica e promove o manejo florestal responsável.
  • Menor custo da madeira: Contribui para uma construção civil mais acessível.
  • Geração de empregos: Estimula a indústria e aumenta a renda dos produtores rurais.
  • Construção civil com menor impacto ambiental: Reduz a emissão de gases do efeito estufa e promove práticas sustentáveis.

A pesquisa abre um novo capítulo para a indústria madeireira brasileira, com o potencial de transformar a madeira de eucalipto jovem em um importante material para a construção civil do futuro.

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