Este estudo teve como objetivo analisar as árvores remanescentes em uma comunidade arbórea submetida à exploração madeireira na Floresta Nacional do Tapajós, localizada em Belterra, Pará. Os dados utilizados são provenientes do monitoramento contínuo de árvores com diâmetro a 1,30 m do solo (DAP) ≥ 5 cm, coletados em 36 parcelas permanentes ao longo de um período de 31 anos (1981-2012). Todas as árvores foram identificadas até o nível de espécie e classificadas em grupos ecológicos, permitindo uma análise detalhada da dinâmica da floresta após a exploração.
Os resultados indicaram que a maioria das árvores remanescentes pertence ao grupo das secundárias tardias, sugerindo que sua estrutura pré-existente, combinada com características de resiliência e elasticidade, contribuiu para a recuperação da comunidade arbórea ao longo do tempo, direcionando-a para um novo estado de equilíbrio natural.
A mortalidade das árvores remanescentes foi mais acentuada nas duas menores classes diamétricas, que juntas representavam mais da metade (52%) da comunidade arbórea remanescente de 1981. Esses indivíduos eram compostos predominantemente por espécies pioneiras e secundárias iniciais, que apresentam maior vulnerabilidade em estágios iniciais de sucessão ecológica.
A exploração madeireira de alta intensidade resultou na formação de grandes clareiras devido à remoção de praticamente todas as árvores dominantes. Esse distúrbio inicial favoreceu o crescimento das árvores remanescentes e estimulou a recuperação da dinâmica do sub-bosque. Inicialmente, espécies tolerantes à luz dominaram essas áreas abertas, mas, com o passar do tempo, elas foram progressivamente substituídas por espécies de grupos ecológicos menos exigentes em relação à luminosidade, indicando o avanço da sucessão ecológica.
Esses resultados destacam a capacidade de recuperação da floresta após a exploração, especialmente quando há resiliência entre os remanescentes. No entanto, evidenciam também os desafios associados à regeneração de árvores em classes diamétricas menores, que são mais sensíveis a distúrbios. A gestão florestal sustentável deve considerar essas dinâmicas para promover práticas que minimizem os impactos da exploração e favoreçam a resiliência e a sucessão ecológica natural das florestas tropicais.
Hirailene Cristina da Cruz Barros Barbosa
Rodrigo Geroni Mendes Nascimento
DOI: https://doi.org/10.4336/2024.pfb.44e202202264
Palavras-chave: Mudanças fitossociológicas, Manejo florestal, Resiliência
Três décadas de dinâmica das árvores remanescentes após exploração na Floresta Nacional do Tapajós, Brasil