Uso dos adubo de liberação lenta no setor florestal

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Os adubos de liberação lenta (ALL) representam uma inovação tecnológica de grande relevância para a agricultura moderna, especialmente em setores que demandam maior eficiência no uso de nutrientes e redução de impactos ambientais. Esses fertilizantes, classificados como “inteligentes,” têm a capacidade de liberar nutrientes de forma gradual, atendendo às necessidades das plantas por períodos prolongados. Essa característica reduz perdas por lixiviação e volatilização, além de melhorar a eficiência de absorção pelas plantas, resultando em ganhos de produtividade e economia de insumos agrícolas.

Classificação e Funcionamento dos ALL

Os ALL podem ser divididos em três categorias principais:

  1. Físicos: Utilizam revestimentos ou matrizes para controlar a liberação de nutrientes. O revestimento, geralmente feito com polímeros ou materiais inertes, regula a taxa de liberação com base em fatores como umidade do solo e temperatura.
  2. Químicos: Baseiam-se em reações químicas para controlar a dissolução de nutrientes. Incluem fertilizantes com ligações químicas específicas e aqueles que utilizam inibidores.
  3. Compostos: Combinam métodos físicos e químicos para otimizar a liberação de nutrientes, oferecendo controle mais eficiente e redução de perdas ambientais.

Uso no Setor Florestal

Embora o uso de ALL já seja consolidado em viveiros florestais, especialmente para espécies como Eucalyptus, sua aplicação em plantios florestais ainda é limitada devido à falta de estudos abrangentes. Pesquisas preliminares demonstraram que os ALL podem aumentar o crescimento inicial das plantas e reduzir a necessidade de aplicações frequentes, o que é particularmente vantajoso em locais com alta restrição logística ou manejo intensivo de solos. Por exemplo, estudos com clones de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis mostraram resultados promissores, com maior crescimento de diâmetro e altura das plantas quando comparados a fertilizantes convencionais

Benefícios e Desafios

Os principais benefícios incluem:

  • Redução de Impactos Ambientais: Menor lixiviação de nutrientes protege recursos hídricos e reduz emissões de gases como o óxido nitroso.
  • Maior Eficiência Nutricional: Nutrição mais uniforme e prolongada para as plantas.
  • Economia de Insumos: Diminui a frequência de aplicações e custos operacionais.

No entanto, desafios como o custo elevado de produção de alguns tipos de ALL e a necessidade de adaptar suas formulações a diferentes condições de solo e clima ainda limitam sua aplicação em larga escala no setor florestal.

Recomendações para Estudos Futuros

Com base nos resultados disponíveis, recomenda-se que futuros estudos explorem:

  1. Adaptação de Formulações: Desenvolvimento de adubos específicos para espécies nativas e cultivos florestais em solos tropicais.
  2. Impactos de Longo Prazo: Monitoramento da eficiência dos ALL em ciclos florestais completos.
  3. Análise Econômica: Avaliação do custo-benefício em diferentes escalas de produção.
  4. Sustentabilidade: Investigação dos efeitos dos ALL na microbiota do solo e sua compatibilidade com práticas agroflorestais.

Essas iniciativas podem consolidar o uso dos ALL como uma ferramenta essencial para o manejo sustentável de florestas e plantações agrícolas no Brasil e no mundo.

Fernanda Leite Cunha

Erick Martins Nieri

Juscelina Arcanjo dos Santos

Rodolfo Soares de Almeida

Lucas Amaral de Melo

Nelson Venturin

DOI: https://doi.org/10.4336/2021.pfb.41e201902063

Palavras-chave: Liberação controlada, Nutrição vegetal, Adubação

Uso dos adubos de liberação lenta no setor florestal

 

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