Agroextrativismo impulsiona a restauração das castanheiras

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Agroextrativismo impulsiona a restauração das castanheiras

Um estudo recente revela que o agroextrativismo, especialmente na produção da castanha-do-pará, desempenha um papel crucial na restauração e preservação das florestas na região amazônica. Os agroextrativistas, responsáveis por extrair esses valiosos frutos, oferecem serviços ambientais que vão além do simples pagamento financeiro, abrangendo investimentos em infraestrutura essencial para as comunidades locais.

Os resultados do estudo, que sintetiza diversas pesquisas sobre compensações por serviços ecossistêmicos, destacam a importância do agroextrativismo na regeneração e crescimento das castanheiras. Contrariando a ideia convencional, as áreas de cultivo e capoeiras abandonadas na agricultura itinerante mostraram ser mais propícias à colonização e formação natural de novos castanhais do que as florestas propriamente ditas.

Marcelino Guedes, pesquisador da Embrapa Amapá, destaca a necessidade de períodos adequados de pousio para a recuperação da biomassa e do carbono emitido durante a abertura das áreas, além do controle do fogo nas áreas destinadas ao plantio. Com essas precauções, o modo de vida agroextrativista, especialmente quando associado a tecnologias socioprodutivas de manejo integrado, é considerado um serviço ambiental valioso para a formação e manutenção dos castanhais, bem como para a preservação da floresta.

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Serviços ambientais e ecossistêmicos: uma análise aprofundada

Os serviços ambientais prestados pelos agroextrativistas da castanha-da-amazônia abrangem diversas áreas, indo além do simples extrativismo. Conforme definido pela Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais, esses serviços referem-se a atividades individuais ou coletivas que favorecem a manutenção, recuperação ou melhoria dos serviços ecossistêmicos. Os agroextrativistas, considerados os guardiões da floresta em pé, desempenham um papel crucial na preservação da biodiversidade, na regulação climática, na manutenção da água e na conservação do solo.

A criação e gestão de Unidades de Conservação de Uso Sustentável (UCs) pelos castanheiros também são destacadas como um importante serviço ambiental. No Amapá, por exemplo, os agroextrativistas contribuíram para a criação de um mosaico de UCs, totalizando cerca de 2 milhões de hectares de florestas protegidas, beneficiando aproximadamente 4 mil famílias.

Considerando as bases levantadas em 2019, foram registradas 74 UCs e 50 terras indígenas com a presença comprovada de castanheiras. Essas áreas, onde o agroextrativismo é uma prática consolidada, desempenham um papel fundamental na preservação da floresta amazônica.

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Provisão alimentar e outros benefícios das castanheiras

Dentre os diversos serviços ecossistêmicos prestados pelas castanheiras, a provisão alimentar se destaca. A produção de castanhas é uma atividade de elevada importância socioeconômica para as comunidades tradicionais da Amazônia. A castanha-da-amazônia é considerada um “superalimento”, devido às altas concentrações de compostos lipídicos e proteicos, além dos altos teores de selênio e outros elementos antioxidantes.

Além da provisão alimentar, as castanheiras contribuem para a manutenção da diversidade biológica, a conservação do solo e da água, e oferecem serviços culturais, de regulação climática e biológica da fauna. Esses serviços não apenas garantem a sobrevivência das comunidades locais, incluindo indígenas, mas também promovem a estabilidade ecológica do ecossistema.

Pesquisa orienta o plantio de castanheiras na Amazônia Legal

Ciente da importância das castanheiras, um grupo de instituições de pesquisa, incluindo a Embrapa, desenvolveu um mapa que indica áreas com alto, médio e baixo potencial para o plantio de castanheiras e a restauração de áreas desmatadas na Amazônia. A inclusão dessa espécie, seja em plantios solteiros ou em sistemas agroflorestais, é vista como estratégica para impulsionar a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) na região.

Os estudos revelam que a ação humana e o desenvolvimento desordenado na região resultaram na supressão de 47% das castanheiras inventariadas pelo projeto RadamBrasil nas décadas de 1970 e 1980. O projeto Radam, criado em 1970, tem acompanhado sistematicamente a coleta de dados sobre recursos minerais, solos, vegetação e uso da terra na Amazônia.

Conclusão: Agroextrativismo como pilar da sustentabilidade

Em síntese, o agroextrativismo da castanha-da-amazônia não é apenas uma atividade econômica, mas um pilar fundamental para a sustentabilidade da região. Os agroextrativistas, ao desempenharem serviços ambientais e ecossistêmicos, contribuem para a preservação da floresta, a manutenção da biodiversidade, a promoção da segurança alimentar e a geração de renda para comunidades tradicionais.

A pesquisa ressalta a importância de políticas públicas e do envolvimento do setor privado na valorização do agroextrativismo, oferecendo compensações financeiras e investimentos em infraestrutura. Além disso, destaca a necessidade de práticas sustentáveis, como o manejo integrado e o controle do fogo, para garantir a regeneração e o crescimento contínuo das castanheiras.

O mapa elaborado pelas instituições de pesquisa fornece um guia para identificar as áreas mais propícias ao plantio de castanheiras, promovendo a restauração de ecossistemas degradados. Com essas abordagens integradas, o agroextrativismo da castanha-da-amazônia pode se consolidar como uma força motriz não apenas da economia local, mas também da preservação ambiental e do equilíbrio ecológico na Amazônia Legal.

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