Novas pesquisas revelam nuances na relação entre a palma de dendê e os meios de vida na Amazônia Oriental.
Um estudo publicado na revista “World Development Sustainability” aprofunda as implicações da agrossilvicultura da palma de dendê para os agricultores familiares na região de Tomé-Açu, Pará. A análise demonstra que, apesar do alto potencial de renda e do mercado garantido para o óleo de dendê, a adesão à cultura por parte dos agricultores é baixa.
Os agricultores de Tomé-Açu tecem um mosaico de sistemas agroflorestais com diversas culturas comerciais, como pimenta-do-reino, cacau, açaí e maracujá, intercaladas com roças de mandioca e outras culturas alimentares. Essa diversificação reflete a busca por segurança alimentar e renda, além de demonstrar a capacidade de adaptação das famílias aos diferentes contextos e desafios.
Embora as empresas de óleo de dendê ofereçam contratos de 25 anos com insumos, assistência técnica e financiamento, a maioria dos agricultores reluta em investir grande parte de suas terras e mão de obra em uma única cultura. O temor do esgotamento do solo e da competição com outras culturas alimentares, somado à rigidez dos contratos, limita a atratividade da palma de dendê para as famílias.
Agrossilvicultura como Alternativa?
Os autores exploram a possibilidade da integração da palma de dendê em sistemas agroflorestais já existentes, buscando torná-la mais compatível com as estratégias e objetivos dos agricultores. Essa abordagem exige flexibilidade por parte das empresas, adaptando os contratos à realidade das famílias e considerando suas preferências de cultivo, disponibilidade de trabalho e tamanho das propriedades.
O estudo destaca que tanto os sistemas agroflorestais quanto os monocultivos de palma de dendê podem gerar sucesso econômico relativo aos padrões de vida da região. No entanto, a maioria dos agricultores demonstra interesse em expandir seus sistemas agroflorestais, enquanto a adesão à palma de dendê permanece baixa.
Rígidez dos Modelos de Negócios Exclui Pequenos Produtores:
Embora reconhecida por sua capacidade de adaptação, a agricultura familiar enfrenta desafios na integração à cadeia de produção da palma de dendê. Os modelos de negócio rígidos e os pacotes tecnológicos exigidos pelas empresas podem excluir as famílias do mercado, limitando suas oportunidades de geração de renda.
A pesquisa revela a complexa relação entre a agrossilvicultura da palma de dendê e os meios de vida dos agricultores familiares na Amazônia Oriental. A diversificação das estratégias de produção e a flexibilidade dos modelos de negócio são aspectos cruciais para garantir a inclusão social e a sustentabilidade da agricultura familiar na região.
Para além da pesquisa:
- O estudo destaca a importância de pesquisas participativas que considerem as perspectivas e necessidades dos agricultores familiares na região.
- A necessidade de políticas públicas que apoiem a diversificação da produção e a inclusão social na cadeia de valor da palma de dendê é enfatizada.
- A promoção de práticas agrícolas sustentáveis e a preservação dos recursos naturais são elementos essenciais para o desenvolvimento regional equilibrado.
Juntos, podemos construir um futuro mais justo e sustentável para a agricultura familiar na Amazônia Oriental!