Impacto do European Green Deal nas empresas de base florestal no Brasil
O Regulamento para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), parte integrante do amplo escopo do European Green Deal, tem despertado preocupações significativas entre as empresas brasileiras do setor florestal. A União Europeia (UE) representa o segundo maior destino das exportações brasileiras de produtos de madeira, tornando as novas regras potencialmente impactantes para esse comércio.
Embora o setor florestal brasileiro esteja em grande parte alinhado com muitas das normas que entrarão em vigor na UE a partir de janeiro, duas exigências específicas têm gerado desafios significativos: a rastreabilidade contínua da matéria-prima até o produto final e a obrigação de fornecer informações detalhadas aos compradores europeus por meio de uma plataforma tecnológica que ainda não está plenamente adaptada para essa operação.
A indústria realizou uma missão internacional com o intuito de demonstrar seu funcionamento e destacar as preocupações em relação à implementação das novas regras perante representantes do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia. Os executivos do setor reconhecem a importância de elevar os padrões ambientais, porém, estão apreensivos com os desafios operacionais e tecnológicos que as novas regulamentações podem trazer.
Nesse contexto, há uma expectativa de que as autoridades europeias possam considerar prorrogações ou ajustes nas regras para lidar de forma mais eficaz com esses desafios. Outros países e produtores de diferentes regiões também estão engajados em esforços semelhantes, o que poderia resultar em um diálogo bilateral no futuro próximo.
A missão internacional contou com a participação de diversos interlocutores ligados ao setor florestal brasileiro, incluindo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e a Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel).
De acordo com o embaixador José Carlos da Fonseca Júnior, presidente da Empapel, o Brasil já está em conformidade com a maioria das exigências, porém, a operacionalização das regras relacionadas à rastreabilidade e à transferência de dados ainda é uma incógnita.
Camilla Maragon, gerente de sustentabilidade da Ibá, ressalta que a legislação europeia é vista como positiva para o Brasil, uma vez que o setor florestal brasileiro há décadas adota uma política de desmatamento zero. No entanto, a representante da Ibá destaca a importância de conscientizar as autoridades europeias sobre os desafios de implementação de algumas regras, visando alcançar um objetivo compartilhado por todos.
É evidente que as novas regulamentações europeias têm o potencial de influenciar significativamente as empresas de base florestal instaladas no Brasil. A busca por soluções que conciliem os padrões ambientais elevados com a viabilidade operacional e tecnológica é um desafio que está sendo enfrentado de forma proativa pelo setor, em colaboração com autoridades e representantes europeus.
A esperança de prorrogações ou ajustes nas regras reflete a disposição das partes envolvidas em encontrar um equilíbrio que promova a sustentabilidade ambiental sem comprometer a atividade econômica. O diálogo contínuo e a cooperação entre as empresas brasileiras e as instituições europeias é fundamental para enfrentar esses desafios de forma construtiva e eficaz, visando garantir o desenvolvimento sustentável do setor florestal no Brasil e suas relações comerciais com a União Europeia.