O setor florestal brasileiro é composto por diferentes segmentos com suas respectivas cadeias produtivas. O negócio florestal, apresenta características distintas, em função de uma série de fatores. Essa distinção e peculiaridades inerentes a cada tipo de negócio requer a aplicação de uma visão estratégica e consequente busca pela excelência na gestão dos negócios.
As cadeias produtivas são delineadas por diversos elementos, sendo o perfil do segmento um dos principais. A concentração de empresas, o porte empresarial, o mercado-alvo (seja local, nacional ou internacional) e as especificações de matéria-prima e produtos (sejam intermediários ou finais) são conhecimentos cruciais para uma gestão eficiente no âmbito do negócio florestal.
A crescente demanda do mercado consumidor por certificações (ambientais, florestais, sociais, etc.), a conformidade com normas estabelecidas para as especificações e usos de produtos, a entrada em mercados mais rigorosos e voltados para a exportação, bem como o porte do empreendimento (considerando investimentos, número de funcionários, área física, entre outros) são elementos que, de maneira abrangente, exigem um posicionamento estratégico no âmbito do negócio florestal.
Esse posicionamento deve ser fundamentado em uma gestão de alto nível, capaz de garantir a eficiência necessária para alcançar os objetivos empresariais almejados.
Exemplos de uma gestão eficiente no setor florestal podem ser observados em diversos segmentos e cadeias produtivas desse ramo. Apesar de a gestão ser reconhecida como um dos principais impulsionadores do sucesso empresarial, é comum que ela seja negligenciada, impactando diretamente no desempenho e nos resultados esperados dos empreendimentos.
Segundo o International Journal of Business, aspectos-chave de uma gestão eficaz incluem o planejamento empresarial, o gerenciamento financeiro, o desenvolvimento empresarial e de recursos humanos, entre outros. Esses elementos são cruciais para assegurar não apenas a operação suave das atividades, mas também para maximizar a eficiência e a sustentabilidade a longo prazo no setor florestal.
Casos exemplares de boa gestão podem ser evidenciados nos diversos segmentos do setor florestal brasileiro. Um exemplo notável é observado na cadeia de celulose, na qual o Brasil se destaca tanto em competitividade de produtos e mercado quanto em custos de produção. Este setor tem se destacado como referência em excelência na gestão.
O êxito nesse segmento não foi alcançado sem um contínuo aperfeiçoamento e uma abordagem sustentável na condução das operações. A constante busca por eficiência, inovação e práticas alinhadas às demandas do mercado contribuíram para o sucesso da gestão na cadeia de celulose, consolidando-a como um modelo a ser seguido no panorama do setor florestal brasileiro.
Setor de Papel e Celulose
Produção:
- Em 2024, a produção brasileira de celulose atingiu 21,2 milhões de toneladas, consolidando o país como líder mundial no setor, ultrapassando os Estados Unidos.
- Esse crescimento de 8,7% em relação a 2023 se deve a diversos fatores, como:
- Investimento em novas fábricas e expansão da capacidade produtiva por empresas como Suzano, Klabin e Fibria.
- Aumento da demanda global por celulose, impulsionado pela crescente produção de papel e celulose, principalmente na Ásia.
- Condições climáticas favoráveis para o cultivo de eucalipto, principal matéria-prima da celulose.
Exportação:
- As exportações brasileiras de celulose em 2024 totalizaram USD 7,2 bilhões, um aumento de 14,3% em comparação com 2023.
- O Brasil segue como maior exportador mundial de celulose, à frente do Canadá e dos Estados Unidos.
- Esse crescimento se deve principalmente à:
- Forte demanda da China, principal destino das exportações brasileiras de celulose.
- Diversificação dos mercados compradores, com aumento das vendas para Europa, América do Norte e outros países asiáticos.
- Competitividade da celulose brasileira, devido à alta qualidade do produto e aos custos de produção relativamente baixos.
Esses números, sem dúvida, têm sua origem na implementação dos aspectos-chave da boa gestão empresarial, conforme mencionado anteriormente. Além disso, as empresas inseridas nessa cadeia têm uma orientação geral para o mercado internacional, refletida na exportação de nada menos que 68% de sua produção em termos de volume de produtos.
Esse enfoque voltado para a expansão global evidencia não apenas a eficácia da gestão, mas também a capacidade das empresas do setor florestal em se posicionar competitivamente em escala internacional.
O redirecionamento para a internacionalização desencadeou transformações substanciais nas indústrias, não apenas nesta cadeia produtiva florestal, mas também em outras. As empresas passaram a investir consistentemente na expansão da escala de produção, direcionando seus esforços para atender a um mercado global mais amplo e exigente do que o nacional. Esse movimento impulsionou mudanças internas significativas.
Para se adaptarem a esse novo cenário, as empresas adotaram e foram compelidas a implementar boas práticas de planejamento, incluindo a inteligência de mercado. Além disso, abriram o capital de suas empresas para fortalecer o gerenciamento financeiro, buscaram constantemente o desenvolvimento empresarial através da aplicação de técnicas de benchmarking com seus concorrentes internacionais, investiram na qualificação contínua de seus recursos humanos e adotaram práticas robustas de gestão socioambiental. Essas estratégias holísticas contribuíram para o sucesso na conquista e manutenção de posições sólidas em mercados internacionais mais exigentes.
Apesar de existirem exemplos notáveis de boa gestão em empresas do segmento de madeira sólida, como as envolvidas na produção de serrados, compensados e móveis, muitos destes negócios florestais ainda enfrentam desafios significativos para desenvolverem formas sustentáveis e competitivas no mercado internacional. Ao longo do tempo, torna-se evidente que suas exportações estão fortemente atreladas à valorização ou desvalorização da moeda brasileira em relação ao dólar. Este fator, por exemplo, tem um impacto menor nas exportações de celulose.
Essa dependência da flutuação cambial destaca a necessidade de uma gestão mais estratégica e diversificada nesse setor específico. O desenvolvimento de práticas sustentáveis, a busca por inovação e a diversificação de mercados podem ser passos cruciais para reduzir a vulnerabilidade dessas empresas às variações cambiais e promover uma presença mais robusta e competitiva nos mercados internacionais.
Torna-se evidente que não há uma fórmula única para o sucesso ou para a excelência na gestão do negócio florestal na cadeia produtiva florestal, uma vez que diversos fatores, tanto internos quanto externos, contribuem para o resultado final. No entanto, a busca constante por uma gestão eficiente, centrada em resultados, figura como um dos elementos essenciais para que os empreendimentos no setor florestal brasileiro possam atender às demandas da sustentabilidade.
Isso implica em fornecer as melhores respostas econômicas, sociais e ambientais nas distintas regiões do Brasil, demonstrando a importância da adaptação estratégica e da inovação contínua para enfrentar os desafios dinâmicos desse setor.