O presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Ednei Blasius, visitou o protótipo do projeto Módulo TecnoÍndia, uma iniciativa inovadora que aplica tecnologias sustentáveis utilizando madeira proveniente de Planos de Manejo Florestal Sustentável. Blasius ressaltou a importância dessa parceria, que apoia a pesquisa liderada pelo arquiteto e professor titular aposentado do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFMT, José Afonso Botura Portocarrero.
Essa colaboração entre o Cipem e a UFMT resultou na criação de uma disciplina optativa no Departamento de Arquitetura, intitulada “Introdução à Arquitetura em Madeira”, oferecida pela primeira vez em 2019. Segundo Blasius, o professor Portocarrero desenvolveu uma tecnologia de construção em madeira inspirada em métodos indígenas, utilizando a espécie Tatajuba, também conhecida como Garrote (Bagassa Guianensis). O projeto é notável por sua estética, versatilidade, modernidade, baixo custo e alta eficiência, com grande potencial de aplicação em diversos tipos de projetos arquitetônicos.
Portocarrero destacou que o apoio do Cipem foi essencial para o desenvolvimento do protótipo do Módulo TecnoÍndia. Ele apresentou o projeto ao Cipem, que prontamente ofereceu suporte, cedendo toda a madeira utilizada na construção. A estrutura já foi submetida a testes de carga no Laboratório de Estruturas do Departamento de Engenharia Civil da UFMT, supervisionados pelos professores Manoel Santinho e Alberto Dalmaso.
Blasius também afirmou que o Cipem está comprometido em continuar com o projeto, reconhecendo a importância de desenvolver novas tecnologias e aplicações para a madeira na construção civil, especialmente em habitações de baixo custo e construções indígenas. Para isso, outras espécies madeireiras, como Cedrinho, Cambará, Morcegueira e Angelim-pedra, podem ser utilizadas, visto que Mato Grosso possui mais de 40 espécies arbóreas comerciais.
O Cipem busca promover o uso sustentável da madeira, pois, segundo Blasius, isso pode fazer a diferença nas construções civis, tanto em termos de custo quanto de agilidade na execução. Portocarrero acrescentou que o projeto é de grande relevância para habitações emergenciais e para a arquitetura em comunidades indígenas. Durante sua pesquisa sobre habitação indígena, ele notou que muitas intervenções em aldeias, como postos de saúde e escolas, são feitas com pouca qualidade, interferindo no desenho cultural das comunidades. A proposta do protótipo pode oferecer uma solução alternativa, respeitando o design culturalmente reconhecido das habitações indígenas.
Blasius destacou o papel do Cipem como parceiro em inovações na aplicação da madeira, sublinhando as vantagens do uso de uma matéria-prima sustentável e ecologicamente correta, que sequestra carbono e proporciona maior sensação de bem-estar. Ele reforçou que a madeira é um produto renovável, com rastreabilidade de origem, e que deve ser cada vez mais valorizado e utilizado.
O protótipo do Módulo TecnoÍndia está montado no Centro de Vivência da UFMT, ao lado da sede da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat), e possui um pedido de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), acompanhado pelo Escritório de Inovação Tecnológica (EIT/UFMT).